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As Malhas que um Reino Tece Pela Inclusão

As Malhas que um Reino Tece Pela Inclusão

 

Há muitos governos atrás num reino muito pequeno houve uma Senhora que foi, um dia, convidada para decidir sobre educação. De entre os muitos dossiês pareceu ter-se apaixonado por dois em particular: o desporto escolar e a educação especial.

Claro que também falava sobre educação sexual e dos “meninos” que passavam fome, mas isso são outras estórias.

Como dizíamos e contaram muitas vezes os arautos, assim tipo os jornais de hoje, sobretudo um que seguia com afinco e dedicação todos os seus passos e ditos, a paixão era o desporto e, mais que tudo, os “meninos com deficiência”. De entre estes tinha particular interesse, a distinta Senhora, pelos “meninos com Paralisia Cerebral”.

Em qualquer reunião por mais formal ou informal que fosse, a tentativa de falar sem paixão cristã e mais cientificidade educativa dos tais “meninos com paralisia cerebral”, era considerado pela sua mais fiel protectora (à época), como de grande má criação. Por isso e talvez por mais algumas coisas, qualquer palavra não imbuída desse espirito ou falta de sorriso seguidista, dava ao seu autor o direito solene de nunca mais privar de perto em reuniões ou afins com tão distinta Senhora, com pastas governativas. Mas isso também são outras estórias.

A estória que hoje nos move versa sobre a visita a umas atividades de canoagem no âmbito do desporto escolar. Escolástica comprometida sobre a inclusão e apaixonada das muitas dificuldades dos “meninos deficientes” teve, logo ali, uma ideia. Soubemo-lo porque no-lo contaram os arautos.

- Os meninos com deficiência também podiam e deviam fazer canoagem. Só necessitavam de quem os metesse e os tirasse.

Tal qual.

De entre as muitas ideias, sempre impregnadas de grande afã caritativo, temos a das carrinhas para as escolas. Dizia a Senhora que conhecia muitas instituições que gostavam de fazer o bem e que às vezes não sabiam muito bem como. A uma só palavra sua e ofereceriam carrinhas às escolas para transportar… “os meninos com deficiência”. Claro.

Outra ideia que merece a gratidão de qualquer reino e que possivelmente nenhum arauto conheceu, adveio de uma outra visita.

Estava a Senhora em plena contemplação das vidas de uns “meninos deficientes” que aprendiam numa instituição de educação especial quando se apercebe que, para lá da sua “deficiência”, todas as semanas praticavam equitação proporcionada pelo corpo militarizado da Guarda Nacional Republicana. Maravilhada interrogou-se e interrogou-os como era possível essa estreita parceira. Assim se ficou a saber que num protocolo, mais tarde conhecido, se tinha juntado a necessidade semanal de exercício dos cavalos com a vontade inovadora da dita instituição de educação especial. Colocar os “meninos com deficiência” a fazer equitação. Nome que dava a Senhora a tal actividade habituada que estava a outras lides sociais. Soube o povo de viva voz e projeto escrito, pelos responsáveis de tal iniciativa que afinal era hipoterapia que proporcionava a solicita Guarda Nacional Republicana.

No mais breve tempo, a Senhora participou a quem de direito e obrigação que se fizesse um levantamento exaustivo dos postos da Guarda Nacional Republicana que ficassem perto de escolas que tivessem “meninos com deficiência”. Assim seriam produzidas, mais tarde, orientações no sentido de que cada vez que os cavalos saíssem para fazer exercício fizessem também os “meninos com deficiência” equitação,

Dirão alguns que esta estória é anedota. Outros salientarão o zelo e empenho da Senhora que centraliza toda, quase toda, a atenção desta estória. Outros, talvez, imaginem quatro anos de decisões sobre educação e particularmente sobre a vida escolar dos “meninos com deficiência”. Nós que, só para vosso desgoverno, não afiançamos a veracidade da estória, imaginamos um mês de trabalho intrépido que levou tal levantamento de recursos cavalares.

 

2016-11-22

Joaquim Colôa